quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ontem, enquanto você provavelmente dormia, eu sonhava. E provavelmente enquanto você sonhava, eu não dormia. Eu apenas respirava. Não existia e nem me sentia vivo, eu apenas respirava. Respirava e torcia para amanhecer logo. Pensava que somente a brisa matunina seria capaz de me fazer sentir melhor. De me trazer um pouco de calmaria. Ontem a noite, eu não durmi. Não. Eu não acordei e nem relaxei. Eu apenas respirei involuntariamente. Eu tambem ouvia teus passos apressados se distanciando cada vez mais rapidos de meu sonhos e de minhas vontades. Você partia mais e mais. Eu não te chamava. Involuntariamente tambem. Pois meu instinto, quase que me obrigava a te seguir. Mas ontem, eu não obedeci a lógica. Eu não chamei teu nome. Não te puxei pelos braços e nem tentei te alcançar com o calor de minhas palavras. Você se afastava e eu respirava. Respirava e torcia. Mas no fundo, eu sabia que se amanhecesse logo, você estaria tão longe que minha visão não te alcançaria mais. Eu sabia disso e continuei apenas respirando. Quando o sol já começara a manchar o pretume com sua cor forte e iponente, eu comecei a cantar. Cantei tanto que fiquei rouco e sem ar. Fiquei com sede e com vontade de nadar. E mais uma vez, meu instinto tentou imperar sob meu ser. Mas eu, obedeci fielmente minhas vontades e continuei ali, parado, tentando te ver de longe e apenas respirando. Subi num muro qualquer para ver se ainda dava para pelo menos ver tua sombra, mas parece que você pegou carona com alguem e partiu mais rápido. Eu sentei no chão e abaixei a cabeça. Respirei devagar e parei de cantar. Você não ouvia mais mesmo, aliás, voce nunca ouviu e nem nunca percebeu. E eu, fiquei mais alguns minutos ali, apenas sentado. Pessoas começaram a passar e a perguntar se estava tudo bem. Sem nem ao menos olhar no rosto de quem passava, respondia com a cabeça fazendo um sinal positivo. E até ali, eu percebi que continuava fingindo. Foi chato passar a noite acordado. Foi chato ligar o mute e apenas assistir. Foi chato. Mas eu nunca fui de ligar muito. Nunca fui. Tudo vai e tudo passa. E amanhã, eu vou poder falar que não estou mais enrolado. Vou conseguir dar um vivida sem nem ao menos precisar lembrar de você. Eu cresci e aprendi. Aprendi que quanto mais você se importa, mais as pessoas se exportam de você. E apartir de hoje, não precisa mais voltar aqui. Nada mais terá teu endereço como destinatário. Nada mais será pra você. Sinta-se mais triste, pois apartir de hoje, eu não escrevo mais pra você ler. Nada mais vai "bater". Nada mais. Não mais. E é assim que o artesão acaba sua obra na pedra sabão. E aqui, se forma o ponto final dessa história. Eu vou voltar no tempo. Formatar meu hd interno e tentar viver um pouco sem precisar de você. E agora vou ali, cantar Não Mais da abril, Charlie Dead da trilha sonora de lost e tantas outras músicas que foram trilhas sonoras para os textos do covao. Criarei outro blog para escrever.


covao.blogspot
11-08-2007 + 31-10-2007

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FIM